contos de Odair J. Alves
Para Vânia Mesquita Penso fazer uma ácida crítica à classe média, seus valores deturpados, sua aparente ância de engolir a si mesma em seu insaciável apetite egocêntrico. Sua precária memória frente à história de seu próprio país, seus ideais vazios, suas vitórias inglórias, seus clichês, seus chavões já domesticados, sua perenidade perante a fatalidade, quase que casual, do próprio sentimento se ser a si mesma. Tenho horror a esse segmento social, talvez nascido da burguesia, principal seqüela do feudalismo, e que por hora me acho incluso, recluso e seduzido por seu charme, devorado e cuspido por sua fúria. Penso em escrever sobre isso, o meu próximo romance. Um romance trinta anos depois do primeiro, alias, de monumental aceitação da crítica, mas de vendagem quase inexpressiva. Os corredores do apartamento ainda estão abarrotados de exemplares encalhados. Esbarr